sexta-feira, 20 de novembro de 2009

[7] Tempo, temporiza-te...

Como controlar o tempo? Esse factor determinante na nossa rotina é tão definido, pela noção geral do que é um segundo, minuto, hora, dia ou ano. Mas e o tempo na nossa cabeça? Porque associa o nosso cérebro a sensação de que a ampulheta passou a ter um orifício maior quando estamos num estado de espírito de acordo com aquilo que queremos? Porque vemos o mesmo orifício fechar-se em situações de cansaço ou infortúnio?

Poderia aqui abordar a relatividade do tempo. Einstein definiu que “tudo é relativo”. Estaremos nós a abordar a relatividade ou a psicologia do tempo? Existe, na nossa sociedade, o conceito dos “factores psicológicos”. A dor, o frio, o calor, até o tempo. Tudo é psicológico, até prova em contrário. E assunto arrumado. É psicológico.

O tempo que senti esvaziar neste parágrafo anterior deveria ser abordado com uma certa reflexão e assumir que será pertinente questionar-me o porquê de escrever em vez de dormir a esta hora. Ao mesmo tempo, deveria ter a noção de que não sei quanto tempo da minha vida se perdeu neste bocado. Apenas o senti útil. Se o fiz, provavelmente passaram mais segundos que aqueles que eu esperaria.

Não passaram.

Fazendo um flash-back na minha memória, consigo observar-me em diferentes slides da minha vida a dizer que “este ano passou a correr” e que “ainda falta um mês para acabar as aulas”. Não haverá aqui uma pequena, se não muito grande, incongruência? Eu penso que sim.

O tempo foi definido há uns séculos, e este é ajustado por um relógio que, segundo sei, ainda se encontra em Paris. Tudo o que vem depois, todas as noções de inflexibilidade, incompreensão e desajustamento psicológico das pessoas em relação a esse tema vêm do nosso próprio cérebro. É a nossa psique que se sente ou não confortável com aquilo que executamos, dia após dia, no nosso ambiente, lidando com outras pessoas. Daí que um certo ser humano possa assumir que uma hora e meia de um filme sobre vida animal passa como um flash, e outro ser humano se deixe dormir. Muito provavelmente, quando acordar, este surpreender-se-á com o tempo que passou. Eu limito-me a deixar o tempo seguir no seu curso natural. O tempo oferece experiência mas retira saúde, a ritmos diferentes, de acordo com o organismo de cada um. Consome-nos por dentro até sermos capazes de nos aperceber que o tempo é um animal monstruoso que nunca parará, por maior que seja a revolução ou o apocalipse.

E um dia, qualquer pessoa render-se-á ao tempo por perceber que este é indestrutível.

2 comentários:

Anónimo disse...

queria conseguir-te seguir!! mas não consigo ;) queria ler com mais calma os teus textos :(

jca disse...

Uma boa forma de arranjares tempo é nao escrevendo isto.ahahahah
jca