domingo, 28 de novembro de 2010

[36] Ideais

Se eu lhe pedisse, neste momento, para me definir a palavra felicidade, você iria provavelmente falar em realização profissional, em amor, em amizade, em carinho, em família. Um “n” número de coisas que nos preenchem no nosso interior e que nos tornam “felizes”. Abordarei a questão segundo três tópicos: equilíbrio social, amoroso e profissional, sem uma ordem preferencial. Porque nunca nos poderemos considerar totalmente felizes se não nos sentirmos definidos na integridade dos parâmetros.

In”feliz”mente, passando a redundância metafórica, conheço muita gente que se denomina como alguém feliz quando não o é. Quando a expressão exterior de auto-confiança nada mais é que uma máscara para a verdadeira face de sofrimento e incongruência. Quando o egoísmo se torna uma arma para evoluir, é porque não sabemos viver com os outros. Quando o desprezo é prova de determinação, não é necessária muita reflexão para nos apercebermos que não sabemos amar.

Felicidade ultrapassa muitas barreiras, mas também muitos clichets, preconceitos e estereótipos encomendados a um mau conselheiro. Para mim, felicidade significa ter, ao meu alcance, várias mãos: as dos meus amigos, as da minha família e a do meu patrão. Como sempre foi e sempre será, dando e recebendo. A comunhão de valores humanos e não de interesses, de prestígio e não de emproamento, de compreensão e não de cinismo, só nos trará vantagens a longo prazo. A curto prazo tudo pode ser bonito, mas tal como o azeite, os valores e a justiça também vêm ao de cima.

Como não tenho um ideal definido de felicidade e por pensar nunca ter tido uma perfeita junção entre os três equilíbrios acima referenciados, prefiro imaginá-la do que forçá-la. Dormirei muito mais descansado com a imagem idealista no meu cérebro, do que com a imagem arrogante que empurrou alguém para baixo enquanto eu era puxado para cima.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

[35] A Árvore

Boa noite. Mas pode ser bom dia ou boa tarde. Da mesma maneira que você, senhor leitor, poderia ter bebido um copinho de leite e visto as notícias sobre o ridículo Orçamento de Estado em vez de ler o texto de um escritor que começa a escrever sem saber onde vai acabar. Sinto-me virado para a Natureza. Parece-lhe bem, senhor leitor? Não, pois não? Não seja nem pense redutor. Vou falar da vida, como mil e uns já fizeram.

A árvore da vida é complexa. Nem a mais ramificada árvore do mundo pode representar o leque de opções que nos são postas à frente dia após dia, mês após mês, ano após ano. Nós somos postos à prova como minhocas repelentes que demoram cerca de 80 anos a escalar uma árvore gigantesca. Onde vai haver teias de aranha cíclicas e irritantes, cordas para o abismo ou para o paraíso, elevadores alimentados por mérito ou bajulação, e muitos ramos. Mas mesmo muitos. Partidos, rígidos como um calhau, escorregadios como manteiga, traiçoeiros como um vendaval inesperado. O caminho que nós, minhocas repelentes, tomamos, deriva dos nossos ideais, princípios, inteligência, perspicácia, matreirice, batotice e valores humanos (ou minhoquices). Da mesma maneira que não há dois seres humanos iguais, não há dois caminhos iguais a tomar. É esse o fascínio da vida. Nada é igual a nada. A unicidade de todo e qualquer momento deve ser aproveitada sem ter em conta arrependimento, mostras de fraqueza ou inconsistências cerebrais.

Quem pensa que está num beco sem saída por, de algum macabro modo, se ter enleado numa bela teia de aranha, nunca terá razões para desistir. Porque, até aí, a vida tem a capacidade de nos surpreender ao nos mostrar que um ínfimo e inocente ramo pode ter continuidade. Como? Com a evolução da espécie humana, pequenas gotas estão constantemente a ser regadas na base da gigantesca árvore. Estaremos a falar de uma árvore infinita? Não. O infinito não existe. Tudo tem um limite. Mas os limites do Homem são definidos por ele próprio.