Toda e qualquer acção relacionada com arte trás, consigo atrelada, a palavra “criatividade”. Uma originalidade inventiva testemunhada e avaliada pelo público-alvo, que tanto a pode colocar no pedestal como engoli-la sem apelo nem agrado. A máquina trituradora a que, mais formalmente, chamamos sociedade, define as suas tendências artísticas e culturais por movimentos massificados. E aí, o papel do artista e de meses infindáveis de suor e neurónios queimados chega ao fim como quem estala os dedos. O artista falhou. Porquê? Por não ser criativo? Não. Por não ser original? Não. Infelizmente, a criatividade do artista tem dois caminhos. Ou se adequa à limitação intelectual da sociedade e se restringe a ela, ou abarrota-a abrindo uma pequena brecha nesse muro de Berlim, incutindo uma nova ideia e abrindo novos caminhos. Como todos sabemos que a segunda opção apenas acontece em 1% dos casos, é triste verificar que a originalidade do artista está subjacente como “a ideia de um maluco”.
Procuremos novos caminhos para alcançar os nossos objectivos. Quem se cingir ao Mundo existente e o continuar a proclamar como extraordinário irá ser substituído no futuro, como uma peça estragada de um carburador de um Ford 300 em enferrujamento. Originalidade é motivo de questionamento, curiosidade e motivação. Criatividade é sonho, engenho e auto-confiança.
Não vivo sem criatividade. Vivo imaginando, nos recantos do meu ser, como seria eu sem imaginação. E em todos os casos, acabo morto. Vivo criando, entre os meus neurónios, cenários passíveis de serem concretizados. A realidade que vivo é limitativa e insuficiente perante a possibilidade maquiavélica de perspectivar o passo seguinte. Podem chamar-lhe criatividade ponderada, mas brindo a ela com todas as minhas forças.