quinta-feira, 3 de junho de 2010

[28] Missão

Nas instalações deste labirinto tecnológico, a missão do agente especial encarregue não se adivinhava fácil. Raios laser banhavam um corredor todo ele insuflado por molduras ridículas, atrás das quais se poderiam esconder cofres com documentos importantes. As paredes, brancas como cal, pareciam prontas a registar num tom de anil todas e quaisquer impressões digitais que ousassem tocar-lhes. Saltando de uma divisão para a outra, equipamentos do mais alto gabarito informático faziam suster a respiração do jovem agente. Qualquer toque poderia ser fatal e accionar o alarme. Os óculos com visão nocturna não permitiam vislumbrar todos os pormenores, mas a missão era clara e teria de ser cumprida. A pouco e pouco, o espaço X estava mais próximo. Luzes provenientes da projecção dos faróis de uma carripana no corredor ainda fizeram palpitar o agente especial, mas foi apenas isso. Um susto.

O telemóvel vibrou. Uma mensagem tinha sido recebida. Pânico total. Toda uma missão podia ter sido posta em causa! Será que os detectores assinalaram alguma coisa num gráfico sinusoidal? Esperava-se que não. Apenas alguns segundos de espera permitiram confirmar isso mesmo. O jovem respirava fundo, controlando o próprio movimento dos pulmões. Ao dar mais um passo no longo corredor, havia o medo de um pequeno estalo comprometer a missão e falhar o grande objectivo da sua vida.

Ao chegar à porta de entrada para o espaço X, a coragem arrebatou-o e puxou das suas ferramentas. De maneira e eliminar detectores de fumo e movimento por diferenças de temperatura e deslocação de ar. Entrou sem ser detectado. Bingo! Ele descalçou-se, tirou as luvas e agora podia trabalhar com precisão. A chave-mestra! Caiu! Acabou-se! Ouviu-se movimento lá fora. Não havia volta a dar. Era o fim.

“O que estás aí a fazer de cócoras no quarto? Isto são horas de chegar a casa? Vai-te já deitar, antes que me chateie a sério.”