Glimpses de futuro. Flashes
desmesurados numa tela presa a uma parede sombria. Pinturas de coisas que ainda
não vivi. Imprevisível como se o prego vai aguentar o peso da tela. Não sei se
as vou viver. Aguentar, tal visionário, ou arriscar, tal mestre de estatística
num jogo de roulette? Revejo quadros
que pintei. Nenhum ficou como a minha cabeça imaginou. Sou mau artista e sou
demasiado esperançoso? Aplico as minhas esperanças em cada traço amarelo
torrado que passeio pelas ruas do meu futuro ser. Quero ser o meu futuro ser,
aquele que ainda não está pintado.
Temos ambições e esperanças. Nenhum de nós sabe se as vai atingir ou
tocar ao de leve. Ambições dentro do razoável, a curto e longo prazo, como “vou
comer frango assado ao jantar” ou “vou ser uma estrela de Hollywood”. Seja o
que for que nos guie, criamos uma linha orientadora dentro de nós próprios.
Algo a que nos agarremos no dia-a-dia. Uma luz ao fundo do túnel. Aquela luz que nós queremos ver e viver,
para lá das milhões que suplantamos a cada passo que damos em nossa casa. Essas
já foram vividas e experienciadas de todos os ângulos possíveis. Nós queremos
sempre criar um ângulo diferente. Dar-lhe mais lustro e visibilidade. Encantamento
e satisfação. Pintar a tela com outras mãos. Que tornam o traço mais suave e
sinuoso num contexto nefasto de situações irreversíveis. Que, apesar de tudo,
nos mostra que a suavidade e sinuosidade está nas nossas mãos. Com determinação
e alguma sorte, consegue-se tudo. Sem confundir determinação com teimosia, e
sorte com cegueira.
Eu tenho ambições. Eu tenho a minha tela vazia. Eu tenho a tela
desenhada na minha cabeça. Dia após dia, apenas me questiono se essa tela vai
ficar como eu a desenhei. Mas só tenho uma forma de o saber. E essa forma é
pegar em mim próprio e começar esse quadro, que é o mais belo que alguma vez
imaginei.
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