segunda-feira, 15 de outubro de 2012

[65] Predição

“A predição é muito difícil. Principalmente sobre o futuro.” Esta frase pertence a Niels Bohr, proferida no início do século XX. Apenas por si só, predizer já pressupõe uma vaticinação ou uma profecia. Mas tal raramente nos leva a um porto seguro, como vemos nas profecias sobre 2012. O facto de nos predizermos apenas nos leva a pensar num ponto actual onde qualquer um de nós se encontra, até a um outro ponto a uma certa distância após um determinado tempo. Um planeamento. Os melhores sempre se destacaram pela capacidade de antecipação e de conjectura do futuro, numa tentativa simulada de tentativa e erro em intervalos de horas, dias ou meses.

Como em tudo na vida, existem margens de erro e de descalabro. Os que se obcecam pelo planeamento do futuro, forçando-o. Os que o ignoram, deixando-se levar na corrente a caminho do riacho de ouro ou de lixo químico. Os que nem sabem o que é, derivando num mar sem ondas a caminho de ponto nenhum. Os que o encaram com ligeireza, e com possibilidades de ser surpreendidos perante ambos os prismas. Tanta pessoa, tanto futuro, tanta combinação improvável de magia ou de sombria e imaculável pobreza de espírito. O mundo em que vivemos baseia-se numa mazela de pobrezas de espírito onde algo brilhante nos surge esporádica e radicalmente.

Não há que forçar brilhos, não há que forçar futuros. Há que viver o presente, com capacidade de vaticinação. Há que enganar os planos e trocá-los de ordem. Mas acima de tudo, há que ter a noção se estamos em condições de vaticinar. Eu não estou. Logo, não vaticinarei sobre a minha vida e negligenciá-la-ei com todas as minhas forças, pronto a surpreender-me a ser surpreendido!

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